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Divisão errada faz célula-tronco gerar câncer 06/03/2007

Posted by Esclerose Múltipla in Espaço médico.
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Cientistas do Instituto de Pesquisa Biomédica (IRB) de Barcelona descobriram que a correta divisão do centríolo, denominação da estrutura intercelular, é determinante para que a divisão das células-tronco se realize adequadamente e não acabe gerando tumores. O estudo, no qual o IRB trabalhou durante os últimos dois anos, fornece novos dados sobre um dos “órgãos” celulares que controlam a divisão das células-tronco, o centríolo, uma estrutura de vital importância que, no entanto, foi pouco estudada.

O principal pesquisador do IRB, Cayetano González, explicou que até agora se sabia que, para uma divisão celular correta, as células-tronco (que conseguem assumir a função de vários tipos de tecido) devem se separar de forma assimétrica, gerando uma célula-tronco e outra especializada para uma função determinada no organismo.

Caso isso não ocorra, ou seja, se a divisão for “simétrica”, as células-tronco, em vez de gerar tecido, formam outras duas células-tronco do mesmo tamanho e conteúdo. Essa situação é potencialmente perigosa, já que poderia desembocar na proliferação descontrolada dessas células e, portanto, na aparição de tumores.

– As células-tronco têm de estar altamente polarizadas, não podem ser homogêneas. A distribuição assimétrica é importante para evitar que as células se tornem malignas – afirmou González.

A pesquisa do IRB, publicada hoje pela revista científica “Development Cell”, demonstra que o centríolo, o “aparelho que organiza o esqueleto da célula”, também deve se dividir assimetricamente, produzindo componentes internos muito diferentes para garantir uma correta divisão da célula-tronco.

A segmentação assimétrica do centríolo parece estar diretamente relacionada com a divisão bem-feita das células-tronco, estratégia que permite a uma só célula gerar grandes quantidades de tecido durante a vida de um indivíduo.

– Para que uma célula-tronco não produza um tumor, tem de se dividir assimetricamente, e precisa de centríolos também assimétricos – explicou o responsável pelo estudo, que ressaltou que “nunca antes” tinham sido observados centríolos assimétricos, com componentes diferentes.

Para conseguir visualizar a estrutura, os pesquisadores utilizaram uma tecnologia que inclui a geração de moscas geneticamente modificadas, nas quais os componentes celulares de interesse, que são incolores, estão coloridos e podem ser observados vivos, com avançadas técnicas de microscopia de alta resolução.

– Graças a essas técnicas e a centenas de horas de filmagem, pudemos ver passo a passo o elaborado mecanismo de divisão das células-tronco. Também conseguimos identificar uma das proteínas que faz com que os centríolos das células sejam diferentes – afirmou a cientista Elena Rebollo, membro da equipe pesquisadora.

Segundo Rebollo, o estudo “sugere que o centríolo pode ter um papel essencial para prevenir a transformação maligna das células-tronco, algo que estamos investigando intensamente no momento”, disse.

Fonte: O Globo Online