O que é e quais são as causas da fadiga? 19/05/2006
Posted by Esclerose Múltipla in Espaço médico, Você sabia?.trackback
Sensação de fraqueza generalizada ou exaustão. É um sintoma comum e inespecífico. Algumas casas comuns são depressão, estresse, privação de sono, anemia, fadiga aguda pós-viral, hipotireoidismo e diabetes.
A fadiga é o sintoma mais comum da esclerose múltipla, também chamada “lassitude”, e descrita como um cansaço intenso que não tem relação com o nível de atividade nem com o grau de incapacidade física. Pode ocorrer diariamente e mesmo após uma noite de descanso. Tende a piorar com o progredir do dia e a agravar com o calor e a umidade. Aparece facilmente e de repente. É geralmente mais severa que a fadiga normal e é mais provável que interfira nas responsabilidades diárias.
Existem outros tipos de fadiga que podem ocorrer na EM.
- Fadiga muscular em braços ou pernas após exercícios repetitivos como andar longas distâncias, fazendo com que a perna falhe e também uma sensação de fraqueza. Isto é causado por um bloqueio do impulso nervoso e o ideal é parar de andar ou realizar o ato repetitivo para que a condução nervosa reinicie.
- Fadiga por falta de condicionamento físico ocorre quando os músculos são pouco utilizados. É um ciclo vicioso, pois quem experimenta uma fadiga intensa acaba evitando atividades físicas – sedentarismo.
- Fadiga relacionada à incapacidade ou invalidez, onde o impacto da EM no controle muscular, coordenação e força, leva a um aumento nos esforços e energia para realizar tarefas rotineiras.
- Fadiga relacionada à depressão.
- Fadiga induzida por medicação.
- Fadiga causada por distúrbios do sono.
O diagnóstico diferencial da fadiga realizado pelo médico é extenso e nada impede que o paciente com EM apresente, ao longo da vida, outras causas de fadiga. Desta forma, é muito importante a investigação médica quando o paciente refere uma piora da fadiga habitual relacionada à EM.
Algumas causas são descritas abaixo:
- psicogênica e estilo de vida: ansiedade, depressão maior, distúrbio bipolar, anorexia, bulimia, insônia, sedentarismo, má nutrição, privação de sono, estresse (trabalho, familiar…), drogas (álcool, tabaco, cafeína, anfetaminas, sedativos-hipnóticos ou tranqüilizantes, drogas ilícitas)
- infecções: tuberculose, SIDA, doença de Lyme, mononucleose, influenza, estados pós-virais
- infestações: ascaridíase, p.ex.
- endócrina/metabólica: diabetes, hipo ou hipertireoidismo, hipopituitarismo, Addison, Cushing, hipercalcemia
- hematológica: anemia, linfoma, leucemia, malignidade oculta, toxicidade por metais pesados
- renal: insuficiência renal aguda ou crônica
- hepática: hepatite aguda, crônica, cirrose
- reumatológica: fibromialgia, síndrome de Sjögren, arterite de células gigantes, polimiosite, dermatomiosite, doençcas do tecido conectivo (AR, LES), doença inflamatória intestinal, sarcoidose, síndrome da fadiga crônica
- neurológica: esclerose múltipla, Parkinson
- pulmonar: DPOC, infecções, insuficiência respiratória, hipertensão pulmonar
- coração: insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, endocardite infecciosa, arritmias
- medicamentos: psicotrópicos – amitriptilina, antihistamínicos – difenidramina, antihipertensivos – betabloqueador, reserpina, metildopa, clonidina, antiarrítmicos – amiodarona, antibióticos – rifampicina
- apnéia do sono
- exercício extenuante
- estados febris
Anamnese
(do grego aná, trazer de novo + mnesis, memória)
É um sintoma comum e inespecífico, por isso a anamnese deve ser bem trabalhada e percorrer todos os problemas da revisão dos sistemas, incluir o mini exame do estado mental e uma história psico-social minuciosa. A primeira questão deve ser a identificação de pacientes que necessitam de tratamento imediato.
Algumas questões urgentes para investigação são:
- Idéias suicidas?
- Evidência objetiva de edema em articulações?
- Febre (acima de 38,4oC)?
- Perda de peso significante? (malignidade)
- Algum sinal ou sintoma neurológico focal?
- Anemia severa ou contagem de leucócitos ou plaquetas alteradas?
- Falta de ar? Dor ou desconforto no peito? Batimento cardíaco irregular? Sensação de morte iminente? (doença arterial coronariana, arritmia)
- No exame físico: sopro cardíaco novo ou piora do existente? (endocardite infecciosa)
Perguntas importantes:
- Há quanto tempo sente fadiga?
- Causa alguma limitação no seu dia-a-dia? Há redução significativa nas atividades profissionais, educacionais, sociais, ou pessoais?
- Que horário é pior ?
- Alivia com repouso ou alguma medida?
- Relaciona o início da fadiga a algum tipo de atividade ou acontecimento?
- Tem um ou mais sintomas associados? (detalhar)
- Tem história de exposição de risco (metais pesados, p.ex)?
- Tem alguma doença com diagnóstico estabelecido?
- Faz uso de algum medicamento?
- Já procurou algum tipo de tratamento para tal sintoma?
- Efetividade de terapias prévias e razões para fracassos ou sucessos.
- Para mulheres: Existe a possibilidade de estar grávida?
- Na suspeita da síndrome da fadiga crônica, 4 ou mais dos seguintes sintomas persistentes ou recorrentes por 6 meses ou mais que antecedem a fadiga:
- Deterioração da memória imediata ou concentração?
- Dor de garganta?
- Nódulos cervicais ou axilares?
- Dor muscular?
- Dor em várias articulações sem vermelhidão ou inchaço?
- Enxaquecas de padrão ou severidade novos?
- Sono não restaurador?
- Mal estar após exercício que dura >24 horas?
Fontes:
- Gaba D. M., Howard S. K. Patient Safety: Fatigue among Clinicians and the Safety of Patients. N Engl J Med 2002; 347:1249-1255, Oct 17, 2002.
- Management of Medically Unexplained Symptoms: Chronic Pain and Fatigue Working Group. Washington (DC): Veterans Health Administration, Department of Defense.
- Rosalind C. Kalb, PhD. Multiple Sclerosis: The questions you have – the answers you need / 3rd ed. Demos NY, 2004.
- Sharpe M, Wilks D. Fatigue. BMJ. 2002 Aug 31;325(7362):480-3
- The MS Information Sourcebook (National MS Society USA)
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