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Metaloproteinases da Matriz 04/05/2006

Posted by Esclerose Múltipla in Espaço médico.
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O estudo das metaloproteinases da matriz parece promissor, tanto na área diagnóstica, quanto para a pesquisa de novas possibilidades terapêuticas.

As Metaloproteinases da Matriz (MMPs) formam o maior grupo de enzimas que regula a composição da matriz celular. As MMPs utilizam o zinco para as suas atividades proteolíticas. Elas são essenciais em vários processos biológicos normais, como o desenvolvimento embrionário, morfogênese, reabsorção do tecido reprodutivo e remodelamento. Metaloproteinases também desempenham um importante papel em processos patológicos como inflamação, artrite, doenças cardiovasculares, pulmonares e câncer.

Na esclerose múltipla (EM), acredita-se que as lesões ocorram quando as chamadas células inflamatórias ativadas (leucócitos: linfócitos T, monócitos) cruzam a barreira de proteção do cérebro, também conhecida como barreira hematoencefálica. Uma das funções desta barreira é impedir o acesso das células inflamatórias ao tecido cerebral. Ao migrar para o tecido cerebral, os linfócitos e monócitos iniciam o processo inflamatório culminando na destruição das camadas internas da bainha de mielina e na disfunção das células da neuróglia, que são responsáveis pela formação e manutenção das bainhas de mielina dos axônios (prolongamentos dos neurônios responsáveis pela condução dos impulsos elétricos).

Para que os leucócitos atravessem esta barreira é necessário que ocorra a interação entre moléculas especiais, chamadas moléculas de adesão, encontradas na superfície das células inflamatórias e moléculas encontradas nas células que revestem a parede dos vasos sanguíneos (células endoteliais).

Moléculas de adesão e metaloproteinases da matriz (MMPs) são relevantes no desenvolvimento e desaparecimento de áreas de desmielinização na substância branca do sistema nervoso central (SNC) nos pacientes com esclerose múltipla.

Kanesaka T. e col. (fev. 2006) realizaram um estudo para examinar se os níveis séricos da mataloproteinase-3 (MMP-3) têm correlação com a atividade da doença na EM. Dosaram os níveis séricos de MMP-3 em 47 pacientes consecutivos com EM remitente-recorrente que foram mensurados por imunoensaio a cada 4 semanas por um período de 15 meses. Durante o período de estudo, 48 surtos clínicos ocorreram. Os níveis séricos, dentro de 1 mês do surto, foram significativamente mais elevados do que durante a fase de remissão. Análises seqüenciais mostraram que os níveis séricos de MMP-3 aumentaram transitoriamente no surto clínico, mas retornaram aos níveis normais dentro de um mês. Concluíram que os níveis circulatórios de MMP-3 têm correlação com a atividade da doença na EM remitente-recorrente. Isto pode contribuir para a alteração na barreira hematoencefálica durante os surtos.

No estudo de Ram M. e col. (maio 2006), revêem a participação da metaloproteinase-9 (MMP- 9) em uma variedade de doenças auto-imunes incluindo o lupus eritematoso sitêmico, a síndrome de Sjogren, artrite reumatóide, esclerose múltipla, polimiosite e outras. MMP-9 tem um papel primário ou secundário em cada uma destas doenças auto-imunes por regulação para baixo ou para cima (up/down-regulation). Sua expressão não é constante e depende da indução ou supressão realizada por muitas moléculas reguladoras. Segundo os autores, esta característica da MMP-9, junto com sua participação na patogênese da doença, torna-se um alvo para a terapia das doenças auto-imunes.

O estudo das metaloproteinases da matriz parece promissor, tanto na área de diagnóstico dos surtos na forma remitente-recorrente da doença, assim como na abertura de um campo para a pesquisa de novas possibilidades terapêuticas. Apesar de todas as expectativas, em função dos papéis benéficos desempenhados normalmente pelas MMPs na fisiologia ou na recuperação do SNC, a aplicação dos inibidores de MMP para tratar doenças do SNC deve ser balanceada com muito cuidado.

Fontes:

Citado e editado por Tica